O meu amor é essa longa espera, esse longo caminho que percorro, sem curvas, sem pequenas paradas para me refrescar. O meu amor é esse não saber que dia é hoje, se é dia de beijo doce, ou se é dia de assassinar o tempo com qualquer veneno de rato que eu achar no armário.
O meu amor é não me perfumar de manhã, por causa desta pressa que vivo, e me angustiar ao descobrir que estarei com você em poucas horas; mas quando com você estiver, ouvir você dizer que eu sou a mulher mais cheirosa que você conhece. Eu amo estas mentirinhas sem pecado que você conta sem se passar por mentiroso, um privilégio dos mais velhos. O meu amor é olhar dentro dos seus olhos, da cor da praia da Barra da Lagoa e ver você me deixar mergulhar, afundar até eu perder o ar.
O meu amor é esta paciência infinita agenciada pelos anos que você viveu a mais que eu e que me permite ficar um pouco mais. O meu amor é a sua voz me chamando de qualquer coisa, de "meu amor", "minha querida", "minha menina", "meu chamego" e até de "minha filhota", ao atender o meu telefonema, um dia, e me confundir, erroneamente, com a sua linhagem. O meu amor é ter você comigo, (ainda que para a minha tristeza) muito mais para uma conversa engraçada e proveitosa, do que para aqueles dias de pele, lingua, dedo e saliva; nós temos um dia pra isso.
O meu amor é ouvir você me ligar e eu achar que isso sim é que é felicidade. Nada mais é felicidade. É sentir você deitar no meu ombro e dizer: "Amor cuida de mim, hoje eu estou carente". O meu amor é ouvir você me dizer que você copia as minhas manias, quando na verdade, sou eu a aluna. O meu amor é essa sua vontade de saber como estou, se estou com frio ou com vontade de comer o seu arroz com ovo, que eu tanto gosto.
O meu amor é a minha vontade de ver você feliz, de te deixar ser o que você quiser ser, mesmo que você seja somente um sobrenome que todos conhecem. O meu amor é esse espelho que eu me vejo quando me perco em você, é essa vontade de me amar mais do que eu amo você.
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